quinta-feira, 27 de maio de 2010

Eu voltarei

To voltando... Me organizando, 2 anos depois, mas tô voltando...
Já que voltarei ao blog, tal qual voltarei a vida quando desta partir, lhes dedico esta linda obra de Cora Coralina:

Eu Voltarei

Meu companheiro de vida será um homem corajoso de trabalho,
servidor do próximo,
honesto e simples, de pensamentos limpos.

Seremos padeiros e teremos padarias.
Muitos filhos à nossa volta.
Cada nascer de um filho
será marcado com o plantio de uma árvore simbólica.
A árvore de Paulo, a árvore de Manoel,
a árvore de Ruth, a árvore de Roseta.

Seremos alegres e estaremos sempre a cantar.
Nossas panificadoras terão feixes de trigo enfeitando suas portas,
teremos uma fazenda e um Horto Florestal.
Plantaremos o mogno, o jacarandá,
o pau-ferro, o pau-brasil, a aroeira, o cedro.
Plantarei árvores para as gerações futuras.

Meus filhos plantarão o trigo e o milho, e serão padeiros.
Terão moinhos e serrarias e panificadoras.
Deixarei no mundo uma vasta descendência de homens
e mulheres, ligados profundamente
ao trabalho e à terra que os ensinarei a amar.

E eu morrerei tranqüilamente dentro de um campo de trigo ou
milharal, ouvindo ao longe o cântico alegre dos ceifeiros.
Eu voltarei...
A pedra do meu túmulo
será enfeitada de espigas de trigo
e cereais quebrados
minha oferta póstuma às formigas
que têm suas casinhas subterra
e aos pássaros cantores
que têm seus ninhos nas altas e floridas
frondes.

Eu voltarei...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Eu, Bola de Neve e Vinícius


Aprendi esse poema ainda pequenininha (juro que já fui menor que hj tá!!), acho q com 8 anos, não lembro exatamente, eu tinha um gatinho lindo, chamado Bola de Neve, para o qual eu vivia a recita-lo. Daí me apaixonei pala obra de Vinicius....


O gato


Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Años

(Pablo Milanés)
El tiempo pasa,
nos vamos poniendo viejos
y el amor no lo reflejo, como ayer.
En cada conversación,
cada beso, cada abrazo,
se impone siempre un pedazo de razón.

Pasan los años,
y cómo cambia lo que yo siento;
lo que ayer era amor
se va volviendo otro sentimiento.
Porque años atrás
tomar tu mano, robarte un beso,
sin forzar un momento
formaban parte de una verdad.

El tiempo pasa,
nos vamos poniendo viejos
y el amor no lo reflejo, como ayer.
En cada conversación,
cada beso, cada abrazo,
se impone siempre un pedazo de temor.

Vamos viviendo,
viendo las horas, que van muriendo,
las viejas discusiones se van perdiendo
entre las razones.
A todo dices que sí,
a nada digo que no,
para poder construir la tremenda armonía,
que pone viejos, los corazones.

El tiempo pasa,
nos vamos poniendo viejos
y el amor no lo reflejo, como ayer.
En cada conversación,
cada beso, cada abrazo,
se impone siempre un pedazo de razón.

(1975)

Canción por la unidad latinoamericana


(Pablo Milanés)


El nacimiento de un mundo
se aplazó por un momento,
un breve lapso del tiempo,
del universo un segundo.

Sin embargo parecía
que todo se iba a acabar
con la distancia mortal
que separó nuestras vidas.

Realizaron la labor
de desunir nuestras manos
y a pesar de ser hermanos
nos miramos con temor.

Cuando se pasaron los años
se acumularon rencores,
se olvidaron los amores,
parecíamos extraños.

Qué distancia tan sufrida,
qué mundo tan separado,
jamás se hubiera encontrado
sin aportar nuevas vidas.

Esclavo por una parte,
servil criado por la otra,
es lo primero que nota
el último en desatarse.

Explotando esta misión
de verlo todo tan claro
un día se vio liberado
por esta revolución.

Esto no fue un buen ejemplo
para otros por liberar,
la nueva labor fue aislar
bloqueando toda experiencia.

Lo que brilla con luz propia
nadie lo puede apagar.
Su brillo puede alcanzar
la oscuridad de otras cosas.

Qué pagará este pesar
del tiempo que se perdió.
de las vidas que costó,
de las que puede costar.

Lo pagará la unidad
de los pueblos en cuestión,
y al que niegue esta razón
la Historia condenará.

La Historia lleva su carro
y a muchos nos montará,
por encima pasará de aquel
que quiera negarlo.

Bolívar lanzó una estrella
que junto a Martí brilló.
Fidel la dignificó
para andar por estas tierras.

(1975)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Eu, a minha árvore e São João

Abrir e fechar a janela do meu quarto se resumia em dois dos melhores momentos do meu dia.

Ao acordar às 6 da manhã ao som dos lindos e livres passarinhos q e me vinham desejar bom dia: Eu abria a janela e lhes devolvia o bom dia, e ficava ali a contemplar aquela árvore. A minha árvore. Linda, suas folhas possuíam um verde todo especial, um verde só dela, parecia que na flora do mundo inteiro nenhuma outra espécie o possuía, somente ela. E suas flores, ah as suas flores... essas eram pequeninas, miudinhas de cor lilás, perfeitas. Pequeninas e sensíveis nasceram para ser livres, se tentássemos pega-las elas se desmanchavam, se desfaziam, tinham de ser livres. Ao olhá-las ao longe, percebíamos que também nasceram para viver juntas umas as outras. Pequeninas, quando juntas formavam um lindo cacho de flores, enorme, perfeito. Até mesmo o seu tronco possuía uma textura especial diferenciada... o seu tronco... (silêncio)

Ao cair do dia, tinha de fechar a janela, e ela continuava ali a sorrir pra mim, desejava-me boa noite e dizia para não me preocupar com nada, pois ela estava ali, prometia q tomaria conta da minha janela, sempre...

E eis que chegou o São João...

A minha arvore foi atacada por cruéis machados, que pareciam odiá-la por algum motivo, mas não havia motivo algum, pois a minha árvore era doce, sensível bondosa...

E eles lhe feriam sem culpa, sem dó, eu da minha janela estava imobilizada nada podia fazer.

- Ó São João, também gostas da minha arvore, porque então deixaste isso acontecer? Todos gostam da minha árvore, ela enfeitava a rua, embelezava a vista de todos, me presenteava em meus aniversários, ela me viu crescer, me viu sorrir, me enxugou as lágrimas tantas vezes... São João... porquê?

Agora ela já não podia me enxugar as minhas lágrimas, era ela quem agora chorava e me olhava no fundo da alma como quem não queria me abandonar...

- Ó minha árvore, como seguirei sem ti? Nas minhas duras horas tinha você? E agora quem terei? E agora que te cortaram quem me reerguerá?

Dessa vez ela n tinha respostas, ela chorava e me olhava, seu olhar era de gratidão, mas também era triste, e eu chorava. Eles continuavam a matá-la, a condená-la por um crime que não haviam cometido. Enquanto isso me dizia o São João:

- Minha pequena, eu nada tenho a ver com isso, estou tão triste quanto você... eles com ela nada aprenderam... do mundo nada aprenderam. Levaremos conosco as lições da bela árvore....

Eu chorava e encharcava o chão, ela chorava e encharcava o seu tronco, os galhos as folhas...

Despedaçaram-na, cortaram em vários pedaços, mas agora eu sentia que ela ainda estava viva... em mim, na minha infância nas minhas lembranças

Fizeram uma fogueira. Armaram uma fogueira em frente a minha janela, a janela do meu quarto.

Mas a fogueira não acendia. Fizeram de tudo, naquela noite, tentavam de tudo para acendê-la, mas ela ainda chorava e tudo molhava, e os pedaços que restaram de mim também choravam...

Por horas tentaram em vão. E ela resistente não se deixava queimar...

- Minha querida árvore, que lição, me ensinas agora? Me ensinas a ser forte e nunca desistir, me ensinas a resistir sempre...

Passei dias e dias, vendo a minha árvore, agora fogueira armada em frente a minha janela, abrir e fechar a janela já não eram os melhores momentos do dia, eu já não sentia prazer nisso e agora a janela permanecia fechada... enquanto ela estivesse ali...

Agora era eu e São João, quem íamos até ela, eles não tentavam mais queima-la. Tinham desistido. A minha árvore venceu, assim como todos os heróis da literatura, que acabam mortos, vivos nos que os amam, e partem deixando uma lição.

Desmancharam a fogueira, seus pedaços jogaram em frente a minha janela, parecem tão vivos, ainda verdes, ainda úmidos.

Voltei a abrir a janela do meu quaro, aprendi com a minha arvore a deixar o sol tomar conta da minha vida. Mesmo em dias nublados e frios, abro a janela do meu quarto, e hoje mais forte, olho para ela e desejo-lhe bom dia, onde quer que ela esteja, continuo lhe contando meus sonhos e minhas dores, e em mim, ouço as suas respostas. Às vezes ficamos nos três conversando, eu a minha arvore e São João. Rimos, contamos piadas e choramos às vezes...

Acabei de abrir a janela, olhei pra ela vi que os passarinhos continuavam a lhes confessar seus sonhos, conversei com eles um pouco e tivemos a idéia de plantar algumas bonitas flores perto dela, pra que enramem em seu tronco, e São João gostou da idéia, disse que nos ajudaria... Agora vamos ali conversar com outros pássaros, com outros santos, com o sol e com a chuva para nos ajudar também, falaremos com outras flores pequeninas, lhes pediremos emprestada a sua beleza para enfeitar o tronco da minha arvore...

(11 de outubro de 2007, ouvindo Edith Piaf)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Contos de Buzu - O lançamento

Aeeeee!!! Finalmente vou começar os famosos Contos de Buzu, pro bem geral do povo que gosta de ouvir as minhas loucuras, ô coitados.
Pra quem não sabe ainda o que é "Contos de Buzu" vou explicar:
Tem coisas que no mundo inteiro só acontecem comigo, raras as vezes com a minha irmã Shane (qdo estamos juntas) e com amigos meus (qdo estão comigo). Quando conto essas coisas tem gente que até pensa que é mentira, e cá pra nós, se alguem me contasse eu também não acreditaria. Alguns espisódios são trágicos, outros engraçados, outros são só interessantes, nem engraçados nem cômicos, mas eu me divirto =P
Contos de Buzu limita-se apenas a casos acontecidos nos buzus da vida, coisas que acontecem diretamente a mim, coisas que observo, coisas que escuto nas viagens (cá pra nós tenho uma mania triste de ouvir a conversa alheia, mas não é por maldade não, é o meu lado psicólogo de ser que fica a analisar o comportamento humano...), entre outras coisas.
Não obedecem a uma ordem cronológica de acontecimentos, já que a maioria eu escrevo a mão mesmo, no ônibus, e o tempo ainda não deixou digitá-los e posta-los aqui.
E pra começar tinha que ser um clássico... hahahaha.
That's it's!!

Eu e meu Clube da Esquina 2

Sempre amei d+ essa música, mas ela nunca fez tanto sentido quanto agora. Meus sonhos tornando-se realidade a custo de muito esforço, e outros sonhos que jaziam adormecidos voltam a tona: "(...) E sonhos não envelhecem..."
Agradeçooo muitíssimo ao meu querido Deus por tudo isso, e também aos meus fiéis amigos de sempre. Como já sabem faço a linha "a palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro", logo, sou a melhor pessoa do mundo pra guardar segredos, principalmente os meus =P
Com fé em J.C. em janeiro tudo estará 100% concretizado e eu dividirei com vocês. Desculpa pelo suspense, mas tô explodindo de alegria, inquieta e se eu não postasse, não ia conseguir dormir, nem tão pouco fazer a prova de Xatistica amanhã. Abaixo a letra dessa música. Simplesmente perfeita!

Clube da Esquina 2

Por que se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem lembra se olhou prá trás
A primeiro passo asso asso ...
Por que se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênicos
Ficam calmos calmos calmos...

E lá se vai...
Mais um dia...

E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva de um rio rio rio rio...
De tudo se faz canção
E o coração na curva de um rio ...
E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente gente gente...
E lá se vai mais um dia

(Lô Borges)