sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Eu, Bola de Neve e Vinícius


Aprendi esse poema ainda pequenininha (juro que já fui menor que hj tá!!), acho q com 8 anos, não lembro exatamente, eu tinha um gatinho lindo, chamado Bola de Neve, para o qual eu vivia a recita-lo. Daí me apaixonei pala obra de Vinicius....


O gato


Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Años

(Pablo Milanés)
El tiempo pasa,
nos vamos poniendo viejos
y el amor no lo reflejo, como ayer.
En cada conversación,
cada beso, cada abrazo,
se impone siempre un pedazo de razón.

Pasan los años,
y cómo cambia lo que yo siento;
lo que ayer era amor
se va volviendo otro sentimiento.
Porque años atrás
tomar tu mano, robarte un beso,
sin forzar un momento
formaban parte de una verdad.

El tiempo pasa,
nos vamos poniendo viejos
y el amor no lo reflejo, como ayer.
En cada conversación,
cada beso, cada abrazo,
se impone siempre un pedazo de temor.

Vamos viviendo,
viendo las horas, que van muriendo,
las viejas discusiones se van perdiendo
entre las razones.
A todo dices que sí,
a nada digo que no,
para poder construir la tremenda armonía,
que pone viejos, los corazones.

El tiempo pasa,
nos vamos poniendo viejos
y el amor no lo reflejo, como ayer.
En cada conversación,
cada beso, cada abrazo,
se impone siempre un pedazo de razón.

(1975)

Canción por la unidad latinoamericana


(Pablo Milanés)


El nacimiento de un mundo
se aplazó por un momento,
un breve lapso del tiempo,
del universo un segundo.

Sin embargo parecía
que todo se iba a acabar
con la distancia mortal
que separó nuestras vidas.

Realizaron la labor
de desunir nuestras manos
y a pesar de ser hermanos
nos miramos con temor.

Cuando se pasaron los años
se acumularon rencores,
se olvidaron los amores,
parecíamos extraños.

Qué distancia tan sufrida,
qué mundo tan separado,
jamás se hubiera encontrado
sin aportar nuevas vidas.

Esclavo por una parte,
servil criado por la otra,
es lo primero que nota
el último en desatarse.

Explotando esta misión
de verlo todo tan claro
un día se vio liberado
por esta revolución.

Esto no fue un buen ejemplo
para otros por liberar,
la nueva labor fue aislar
bloqueando toda experiencia.

Lo que brilla con luz propia
nadie lo puede apagar.
Su brillo puede alcanzar
la oscuridad de otras cosas.

Qué pagará este pesar
del tiempo que se perdió.
de las vidas que costó,
de las que puede costar.

Lo pagará la unidad
de los pueblos en cuestión,
y al que niegue esta razón
la Historia condenará.

La Historia lleva su carro
y a muchos nos montará,
por encima pasará de aquel
que quiera negarlo.

Bolívar lanzó una estrella
que junto a Martí brilló.
Fidel la dignificó
para andar por estas tierras.

(1975)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Eu, a minha árvore e São João

Abrir e fechar a janela do meu quarto se resumia em dois dos melhores momentos do meu dia.

Ao acordar às 6 da manhã ao som dos lindos e livres passarinhos q e me vinham desejar bom dia: Eu abria a janela e lhes devolvia o bom dia, e ficava ali a contemplar aquela árvore. A minha árvore. Linda, suas folhas possuíam um verde todo especial, um verde só dela, parecia que na flora do mundo inteiro nenhuma outra espécie o possuía, somente ela. E suas flores, ah as suas flores... essas eram pequeninas, miudinhas de cor lilás, perfeitas. Pequeninas e sensíveis nasceram para ser livres, se tentássemos pega-las elas se desmanchavam, se desfaziam, tinham de ser livres. Ao olhá-las ao longe, percebíamos que também nasceram para viver juntas umas as outras. Pequeninas, quando juntas formavam um lindo cacho de flores, enorme, perfeito. Até mesmo o seu tronco possuía uma textura especial diferenciada... o seu tronco... (silêncio)

Ao cair do dia, tinha de fechar a janela, e ela continuava ali a sorrir pra mim, desejava-me boa noite e dizia para não me preocupar com nada, pois ela estava ali, prometia q tomaria conta da minha janela, sempre...

E eis que chegou o São João...

A minha arvore foi atacada por cruéis machados, que pareciam odiá-la por algum motivo, mas não havia motivo algum, pois a minha árvore era doce, sensível bondosa...

E eles lhe feriam sem culpa, sem dó, eu da minha janela estava imobilizada nada podia fazer.

- Ó São João, também gostas da minha arvore, porque então deixaste isso acontecer? Todos gostam da minha árvore, ela enfeitava a rua, embelezava a vista de todos, me presenteava em meus aniversários, ela me viu crescer, me viu sorrir, me enxugou as lágrimas tantas vezes... São João... porquê?

Agora ela já não podia me enxugar as minhas lágrimas, era ela quem agora chorava e me olhava no fundo da alma como quem não queria me abandonar...

- Ó minha árvore, como seguirei sem ti? Nas minhas duras horas tinha você? E agora quem terei? E agora que te cortaram quem me reerguerá?

Dessa vez ela n tinha respostas, ela chorava e me olhava, seu olhar era de gratidão, mas também era triste, e eu chorava. Eles continuavam a matá-la, a condená-la por um crime que não haviam cometido. Enquanto isso me dizia o São João:

- Minha pequena, eu nada tenho a ver com isso, estou tão triste quanto você... eles com ela nada aprenderam... do mundo nada aprenderam. Levaremos conosco as lições da bela árvore....

Eu chorava e encharcava o chão, ela chorava e encharcava o seu tronco, os galhos as folhas...

Despedaçaram-na, cortaram em vários pedaços, mas agora eu sentia que ela ainda estava viva... em mim, na minha infância nas minhas lembranças

Fizeram uma fogueira. Armaram uma fogueira em frente a minha janela, a janela do meu quarto.

Mas a fogueira não acendia. Fizeram de tudo, naquela noite, tentavam de tudo para acendê-la, mas ela ainda chorava e tudo molhava, e os pedaços que restaram de mim também choravam...

Por horas tentaram em vão. E ela resistente não se deixava queimar...

- Minha querida árvore, que lição, me ensinas agora? Me ensinas a ser forte e nunca desistir, me ensinas a resistir sempre...

Passei dias e dias, vendo a minha árvore, agora fogueira armada em frente a minha janela, abrir e fechar a janela já não eram os melhores momentos do dia, eu já não sentia prazer nisso e agora a janela permanecia fechada... enquanto ela estivesse ali...

Agora era eu e São João, quem íamos até ela, eles não tentavam mais queima-la. Tinham desistido. A minha árvore venceu, assim como todos os heróis da literatura, que acabam mortos, vivos nos que os amam, e partem deixando uma lição.

Desmancharam a fogueira, seus pedaços jogaram em frente a minha janela, parecem tão vivos, ainda verdes, ainda úmidos.

Voltei a abrir a janela do meu quaro, aprendi com a minha arvore a deixar o sol tomar conta da minha vida. Mesmo em dias nublados e frios, abro a janela do meu quarto, e hoje mais forte, olho para ela e desejo-lhe bom dia, onde quer que ela esteja, continuo lhe contando meus sonhos e minhas dores, e em mim, ouço as suas respostas. Às vezes ficamos nos três conversando, eu a minha arvore e São João. Rimos, contamos piadas e choramos às vezes...

Acabei de abrir a janela, olhei pra ela vi que os passarinhos continuavam a lhes confessar seus sonhos, conversei com eles um pouco e tivemos a idéia de plantar algumas bonitas flores perto dela, pra que enramem em seu tronco, e São João gostou da idéia, disse que nos ajudaria... Agora vamos ali conversar com outros pássaros, com outros santos, com o sol e com a chuva para nos ajudar também, falaremos com outras flores pequeninas, lhes pediremos emprestada a sua beleza para enfeitar o tronco da minha arvore...

(11 de outubro de 2007, ouvindo Edith Piaf)